Continuação? Conte até três antes de sentar na cadeira de cinema
Todo mundo tem um filme favorito. Aquela obra cinematográfica que faz todo sentido e torna
a experiência de ficar no sofá mais de 1h30min, por demais prazerosa. A película que te faz querer rever
a mesma história diversas vezes e ainda sim mantem a sensação de primeiro contato, ansiedade e
dúvidas do final. No meu caso seria "Se7en – OS sete crimes Capitais". Os motivos de amar esse filme
são incontáveis, fotografia, cores, atuações, motivos, enredo, mas com certeza o fato de saber que nunca
teremos uma continuação, na pior das hipóteses um reboot (o que para mim já é outro filme e pode ser
ignorado). Contudo, vivemos numa época de continuações, rebbot, retcon, remakes e assim por diante
(não vou explicar as diferença, procura no Google), sofremos com essas maldades comerciais, que
acabam com nossa infância (entende-se prazer em assistir o filme). Uma decepção, causando ódio e o
mais ignóbeis sentimentos. Ainda mais quando aquele filme tão amada, passa por tais mutilações da
indústria cinematográfica.
Algumas pérolas dessa "nova" onda hollywoodiana em refazer franquias cinematográficas,
tornam a famigerada experiência de assistir filmes, torturante! "Remakes" estúpidos, "retcons" sem
sentido, "reboot" nada ver, e claro as continuações. Para mim dar continuidade a uma franquia já
encerrada, é o pior que pode acontecer. Aquele filme fará parte do contexto e "retcons" não muito
comuns no cinema. Pelo menos não como nos quadrinhos, onde tudo recomeça de forma nova e
diferente dentro do mesmo universo. Entretanto, você leitor já deve ter notado que algumas coisas
mudam da sua obra preferida da literatura para as telas. Um personagem que vive mais que o necessário,
uma doença que não existia e agora acomete o protagonista, e assim por diante. Basicamente é o mais
perto que se pode afirma de "retcons" no cinema. São raros os casos de ignorar uma continuação, e
seguir de onde estava dando certo na cronologia. A franquia Alien, é um exemplo, "Prometheus" (2012)
foi um recomeço, que alterou muitas coisas na origem dos "xenomorfos", e também nos eventos que
ocorreram antes do encontro da tripulação da Nostromo com a criatura no planeta LV-426, mas isso é
outra discussão e longa. Agora pretendem ou pretendiam (nunca se sabe) contar os eventos, ignorando
os dois últimos filmes da série (Alien - 3, Alien - A Ressureição) que se iniciou em 1979. Esperar e
torcer para não rolar...rs.
Reboots e remakes são as meninas dos olhos do cinema, recomeçar tudo de novo, colocar outros
atores, usar apenas a marca, enredos, etc. São bases utilizadas pela indústria dos "blockbusters"
atualmente para apresentar mais do mesmo. Contudo, nem sempre é garantido o lucro, e muitas vezes
a coisa é tão ruim, que preferem ignorar o remake ou rebbot, e partir de onde estavam na cronologia
original. Será assim com a série Conan. O filme estrelado por Jason Momoa em 2011, será ignorado,
no lugar de uma continuação dessa produção, teremos outra continuação (besta eu), só que do filme de
1984 (Conan – O Destruidor). Irônico? Não! Já existia a ideia de um terceiro filme na década de 80, só
que fizeram Red Sonja (lixo), e tudo desandou. Já faz um tempo, Arnold Schwarzenegger voltou a atuar,
e agora percebeu que tem nas mãos um rico material sobre a velhice do bárbaro e pretende retomar seu
posto de guerreiro, foi melhor assim (deixa o Momoa de Aquaman mesmo).
Entramos então num ponto interessante, será que teremos um filme digno das produções
originais, ou apenas explosões, criaturas disformes e Schwarzenegger tentando pagar as contas. O
grande problema das continuações, da forma que vejo hoje em dia, é a procura pelo lucro imediato.
Muitas potenciais grandes obras cinematográficas só venderam um belo trailer. No fim, acaba tudo
sendo enganação, com histórias rasas, com atuações medianas, e uma marca de produtos para
vender. Posso citar aqui, Matrix – Reloaded, Matrix – Revolutions, Indiana Jones - E o Reino da Caveira
de Cristal, Poderoso Chefão 3, Alien – A ressurreição, Transformer (Ah! Desculpe, a serie toda é caça
níquel), Velozes e Furiosos 2, 3, 4, 5, 6 e 7, poderia citar muitas e muitas e muitas outras franquias. No
entanto, como já mencionei não se trata de bilheteria, e sim do filme como um todo. Tudo bem
coloquei velozes e furiosos, mas foi um exemplo de algo que poderia ter sido mais bem elaborado, e
com toda as aberrações que fogem da realidade, tentando ser real, se perdeu nas próprias ambições.
O cinema está mais previsível nos últimos anos, quem vai no cinema muitas vezes não sai
maravilhado, empolgado, ou questionando, apenas, "sai". O filme fica na porta da sala, são raras as
produções que causam alguma comoção digna de debates entre apreciadores de cinema. Quando
digo raras, é considerando a quantidade de filmes produzidos por ano em Hollywood e no mundo,
cerca de 20 mil, segundo o site IMDB. Números, números, números e números. Será que os fãs de
cinema, se tornaram apenas números? Continuações sempre existiram, e sempre existirão, é um
"mal" necessário, que alimenta nossa curiosidade a respeito daquele universo e pessoas
apresentadas, só que também, visa o lucro. Aqui entra a discórdia, tentem lembrar quantas
continuações realmente valeram a pena na última década. Eu pensei em Mad Max – Estrada da Fúria,
diretor autor... Sabe! Um detalhe que está acabando, porque cada vez mais, temos comerciantes de
enredos, motivados pelo dinheiro, não pelos fãs...
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