A culpa é do preconceito
foto: we heart it
Bom! Assistir um filme baseado em livros “teen” é pedir para
rir das caras e bocas dos atores principais. Não sei bem como ocorre, mas fica
a impressão que somente franzir a sobrancelha e abaixar os olhos resolve. Cenas
de drama exagerado e de total “forçação” de barra são utilizadas para tentar
levar aos telespectadores alguma emoção. No entanto, algumas vezes, películas
baseadas nesses inúmeros livros adolescentes acabam por resultarem em ótimos
filmes. A saga Harry Potter é um exemplo. Feita a princípio para um público
infantil a série amadureceu com seus leitores, e o resultado foram filmes de
qualidade.
Esse fato não é uma regra, porém, os ganhos podem ser os
mesmos. A saga “Crepúsculo” é um exemplo de que ganhos não resultam em
qualidade de roteiro e construção de personagens. A saga lucrou mais de 3 bilhões
dólares pelo mundo. O primeiro filme é até aceitável. O que se assistiu depois
foi uma demanda exagerada sobre o casal principal. Se esquecendo de trabalhar
os demais personagens e um vazio de roteiro segurado no romance entre Edward e
Bela. Você pode até criticar meu comentário, porque os livros são sobre um
romance com bases shakesperianas. Espera-se, no entanto que ao fazer uma adaptação
cinematográfica seja explorado mais do universo que gira em torno dos
personagens centrais. Isso ocorreu em Harry Potter, Senhor dos Anéis e Nárnia
(claro que esse último não lucrou o esperado) menos em Crepúsculo. Foi contado o passado bem superficialmente de
alguns personagens e só. Eu até hoje quero saber mais sobre a briga dos
vampiros com lobos. Os Volture, que acredito ser a parte mais interessante de
toda a saga e as regras que permeavam todos os “sanguessugas” do universo de
Crepúsculo tiveram uma menção ínfima dentro dos filmes. Perdeu -se uma grande chance, voltar no tempo
não é possível. O negócio é explorar os “spin off “ou derivados da série.
Talvez nesses subprodutos da saga principal possamos encontrar a riqueza desse
mundo “sombrio” e meloso de Crepúsculo.
No entanto, você deve estar se perguntando por que o titulo é “ A culpa é
do preconceito”? Simples, eu não li o livro “A culpa é das estrelas“ nem pretendo,
mas assisti ao filme a convite de uma amiga. Esperava algo bobo, sem razão e
puramente comercial (sim é comercial e bonitinho) algo que me entediasse fácil.
Admitindo aqui meu preconceito inicial, posso dizer: é um excelente filme. Quem
conhece o livro sabe, melhor que eu, se faltou a fidelidade com a história. Não
vou ler o livro, me prenderei ao filme. Os personagens são brilhantes, você
sente a dor que cada um deles tenta esconder. A rejeição é enrustida em
sorrisos e situações que cada personagem passa, mesmo um ato de carinho,
demonstra uma espera e pena por aquela pessoa com seus dias contados. O universo que
cerca pessoas com esses problemas é bem retratado, a maioria de nós conhece,
participa ou já participou de um grupo de ajuda. O filme apresenta não apenas
esse grupo, mas o porquê dele existir. Mostra como cada pessoa lida com a
frustração de ter que conviver com o câncer. E não joga esperança sobre a situação,
não esconde em risos frouxos um final feliz.
A ideia é mostrar um cotidiano que vai do deprimido momento de solidão
ao momento feliz, porém contado com ensejo de alegria e felicidade. Sim! Temos
um casal principal, temos um romance rolando. Antes de tudo, porém temos uma
amizade se construindo e o respeito que fortifica cada situação entre Hazel
Grace Lancaster (Shailene Woodley) e Augustus Waters (Ansel Elgort).
Para quem não leu o livro o final pode parecer dramático
demais e até injusto. Isso se deve ao fato de sempre pensarmos no óbvio. Existe, entretanto a preocupação de ir além
do casal, fica a impressão em dados momentos do filme que mostrar o mundo deles
é mais importante. Detalhe: o filme é uma narrativa. Esse ponto é muito legal
por sinal, porque não deixa claro se a personagem já morreu (estilo Beleza
Americana). Simplesmente em alguns momentos do filme a personagem que conta a
história, declama situações em que esteve envolvida com o par romântico. No
entanto, é um romance. Sem água com açúcar claro, bem explicado e resolvido
durante toda a história. Sabe aquela coisa de começo, meio e fim que todo filme
devia ter. Então, “A culpa é das estrelas” tem e melhor fica a curiosidade de
saber o que aconteceu depois com todos os personagens. Mesmo sabendo o destino
trágico, ainda sim participar dos dramas, dúvidas e medos faz você se sentir um
amigo deles. Amigo, no fim do filme foi assim que me senti, parte daquilo,
talvez por isso o filme seja bom.
Ass.: Emir Bezerra, Colunista.
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