A "modinha" nossa de cada dia
Já faz tempo que protesto no Brasil virou sinônimo de “selfie”, oportunidade para
chamar atenção em redes sociais e conseguir mais “like(s)“. Quem não lembra da “Manifestações dos
20 centavos”, ou “Jornadas de junho”. Os eventos
ocorrido naquele mês chamaram a atenção do mundo, o governo brasileiro teve que
ouvir as reivindicações e aprovar uma série de medidas para atender aos
manifestantes. No entanto, outro fato marcou os protestos, esse menos
importante. A modinha do “selfie” as redes sociais foram tomadas por fotos e frases
clichês postadas por indivíduos que muitas vezes estavam aproveitando para “aparecer”. Aportados na
desculpa de estarem fazendo parte da historia, essas pessoas simplesmente
banalizaram a luta de quem buscava mais
que R$ 0,20 centavos de desconto na
passagem. Fora o vandalismo desenfreado
que marginalizou ações pacificas. Outro ponto interessante é que não houve adesão
da mídia ou celebridades em favor dos manifestantes, somente um jogo de “empurra - empurra”. E quando digo “adesão”estou falando do
fato da mídia sempre deixar muito ambígua as razões dos protestos, não pontuar
as reivindicações e discursar baseada apenas no sensacionalismo.
No entanto, 2013 acabou, o mês de junho entrou para historia, como um
capitulo onde os jovens brasileiros saíram as ruas em busca dos próprios
direitos. Como foi cantando na época o “gigante acordou” (foi dormir depois com resfriado e miopia). Nesse ano
de 2014 porém, muito se falou sobre os possíveis protestos contra a copa do
mundo e os gastos abusivos na construção de estádios e melhorias urbanas ( sei,
melhorias urbanas). Previa-se uma nova onda de protestos e paralisações.
Entretanto a educação brasileira prevaleceu (sarcasmo). A Copa foi um sucesso
(o campeão todos conhecem) e você ficou somente como um “bobo” (para não
dizer outra coisa) que comprou o discurso da mídia e do governo, a respeito sermos anfitriões
educados e calorosos com os visitantes estrangeiros. Sério! Foi apenas uma
forma de fazer cidadão honesto sentir-se culpado por antecedência e não aderir
a qualquer evento dessa natureza. Ocorreram algumas manifestações, mas, a mídias
abafou todos os incidentes falando de forma cansativa da Copa. Todavia, semanas
antes da copa, um fato chamou atenção do mundo. O jogador de futebol Daniel
Alves comeu uma banana em campo. Nada de especial, porém, a ação é um ato de
racismo corriqueiro na Europa contra atletas estrangeiros (hahahaha e você
estudando etiqueta).
Na ocasião o atleta garantiu espaço na mídia especializada para falar do
assunto. Tornou -se um porta voz do momento para discutir discriminação racial
(também garantiu a convocação). A luta contra o
preconceito racial ganhou força na mídia e junto aos “famosos”. E nesse ponto que
começou o problema. Teve famoso que fez estampa de camisa com banana, todo
muito comeu banana, um show de oportunismo que abriu espaço para muitas pessoas
desaparecidas na mídia voltarem a se “noticia” (se é que podemos classificar dessa forma). O tema
racismo perdeu espaço mídia. Depois, foi a vez da luta das mulheres se torna
foco dos pseudo-famosos. Teve“funkeira” que foi elevada ao status de símbolo feminista (para
as mais ignorantes) por que aderiu a causa. Outro montante de famosas
renasceram das cinzas, garantido capas de revistas e espaço para falar de um
tema que muitas desconheciam (show de gafes).
Em comum nestas duas manifestações e tantas outras é a falta de respeito
que um grupo de “alpinas da mídia” tem de roubar a cena fazendo a massa popular perder o
foco. Agora é a vez do balde de água fria. Há algumas semanas começaram a ser
divulgados na internet vídeo de famosos despejando um balde de água fria sobre
a cabeça como forma de aderir a campanha
para arrecadar fundos para combate a esclerose lateral amiotrófica.
Iniciada pelo jogador de futebol americano Pete Frates a campanha tornou
-se moda entre os famosos brasileiros de
uma forma um tanto quando oportunista ( novidade) afinal de contas dinheiro
para ajudar que é bom, só das celebridades estrangeiras. No Brasil mais uma vez
tudo parece estar ficando na brincadeira, no faz de conta. A impressão que fica
é que para as celebridades brasileiros tudo é motivo para aparecer, chamar atenção
para a própria carreira. Não que seja diferente entre as pessoas que não fazem
parte do meio artístico. No entanto, como detentor de um espaço midiático,
seria coerente que ao invés transformar a campanha em uma grande piada e quase
um quadro de programa semanal fosse levantada questões mais sérias, não apenas
mostra a bunda, o belo corpo, ri junto cm amigos, esse “oba oba” que estamos
assistindo e visualizando nos vídeos e “selfies” na internet e novamente está desviando a atenção do
publico da causa nobre. Qualquer semelhança com 2013 e a banalização dos “motivos” sérios é mera
coincidência. E você mais uma vez vai ficar com cara de idiota. Rindo! Não
junto com eles, mas de você mesmo.
Emir Bezerra, Colunista.
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