Carta ao nosso amor


Prezada,
Precisei por um dia passar
Olhando para dentro
Do filtro de sonhos
Para me lembrar.

Está pendurado
No teto do cômodo
E a cor dele
Combina com a sua predileta.

Delicada
Feito uma tulipa
E pequena
Feito a sua mente.

Porque deve ser deste modo...
Porque você escolheu
O único lado errado?

Demorei em me libertar
Mas os detalhes
Ainda fazem jus a nós.

A culpa disso tudo é minha
Mas a fraqueza é sua.

Você desistiu de lutar
E infelizmente 
Creio hoje
Que nada há de te salvar.

A prisão foi você quem criou
E eu assisto,
Da porta de minha casa
Com pena.

Também assisto com saudade
Mas a saudade
É de quando você tinha vida.

Hoje estás no labirinto
E vai deixar o nosso tempo morrer
Para querer ser feliz
E viver infeliz.

Sei que pode não ver
Mas eu posso sentir
E me vestir
Com o manto da aceitação.

Não posso lutar...
Não contra um imbecil, evidentemente normal.
Seria perda de tempo!

Mas posso rezar
Para que saiba
Que amar
É sair do senso comum
E conhecer a vida, com a sua vida
Enquanto estiver em vida.

E não é preciso a morte
Para que perca a sua vida.

Sei que ainda existe saída
Só rezo para que queira
Enquanto ainda há tempo.

Te amarei.

Poema inédito escrito pelo "poeteiro"/escritor João Paulo Fiorenza

Share:

0 comentários