A última salvação
Nas últimas semanas falou-se muito sobre o filme “A Entrevista”. As discussões foram em cima do conteúdo apresentado, e também as retaliações sofridas pela Sony Pictures Studios, feitas por um grupo de hacker (sem essa de cracker). Assisti ao filme, esperei um tempo para pensar sobre o que aquela porcaria tentava vender. Dirigido por Seth Roger e Evan Goldberg, e para resumir. O enredo se trata de um apresentador (James Franco) e seu produtor (Seth Roger) que são incluídos nos planos do governo americano para matar o ditador da Coreia do Norte. Esquecendo nesse momento, tudo que foi registrado pela imprensa sobre o grupo que invadiu os e-mails da Sony, as declarações de Obama e assim por diante. Temos que pensar sobre o propósito do filme. Não é de agora que americano gosta de vender superioridade por meio do cinema. Afirmar a importância de seu poderio bélico, sua cultura e sociedade. Na década de 80, alguns ícones cinematográficos foram trabalhados de forma à apresentar essa supremacia estadunidense (padrão brasileiro): Rocky, Rambo e Braddock são exemplos de coação cultural e claro, mentiras de força militar ilimitada em um homem.
Longe de mim desmerecer a importância dos conceitos supracitados na cultura daquele país. Então fica uma questão. Os produtores do filme pensaram que poderiam convencer alguém com mesmo discurso de salvadores do mundo em pleno século 21? Parece idiota a pergunta. E não deixa de ser, mas ações estupidas fomentam duvidas estupidas. Só que não vai muito longe. Pensando em tudo que aconteceu posterior a divulgação do filme. Fica claro, que o marketing americano, ainda não se cansou de propor ao mundo que somente com ajuda dos Estados Unidos da América a humanidade vai encontrar paz. O Presidente Obama, afirmando não achar correto ceder às pressões terroristas. As sanções aos norte coreanos, internet desligada (irônico) e toda arrogância de uma nação que acha correto impor a sociedade já oprimida pela ditadura de Kim Jong-um, mais corte essenciais para sobrevivência.
A década de 80, é um passado cada vez mais distantes, logo será apenas leitura na disciplina de história. Contudo, algumas ideias não serão esquecidas, o fraco filme “A Entrevista” (minha opinião) demonstra esse fato. Entretanto, apenas esquecemos com toda a risada, toda a comedia, que o herói americano ficou mais comum, menos distinto e com certeza mais burro. Reflexo do que se eles pensam do resto do mundo? Sem comentários, basta assistir ao filme. Logicamente, ninguém apoia ditadura. Porém, não se provou nenhum envolvimento do governo norte coreano, apenas uma simpatia a causa. Bom, todos os dias xingamos, repudiamos e menosprezamos alguma coisa da cultura americana. Vamos sofrer sanções por isso também, ou continuaremos na hipocrisia de achar que ditadura cultural não existe. Quem mais impõem? Aquele que deixa você pensar que é livre só para controlar seus passos a distância, ou aquele que afirma que tudo isso é uma grande mentira e todos dependem do governo? O filme certamente vai atender a vontade de muitos, o saudosismo de outras e a esperança infantil de pessoas que acham que o mundo é melhor do ponto de vista americano. Seja como for, no Brasil se vende órgãos de turista, só tem floresta e mulher de bunda grande por aqui. Fazer o quê?
Emir Bezerra, Colunista.
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