Foi você. Tudo você


Aqui estou eu mais uma vez, deitada na cama procurando uma posição meramente confortável e agradável pra dormir, com o celular "preso" à mão direita esperando apenas uma pequena notificação. Ainda está calor, apesar de ser quase três da manhã, provavelmente deve fazer uns 28°C lá fora, e eu estou nua, como de costume. Você sabe. Agora me pergunte porquê diabos eu estou acordada, novamente, uma hora dessa? E ainda por cima, esperando uma notificação no meu maldito celular que, nos últimos dias, insistiu em não me deixar viver. 

O problema, meu rapaz, é que não foi o celular, não foi a insônia que me aflige nesse primeiro mês, não foi a fome ou a dor de cabeça que parece que veio como um presente junto a você. Foi você. Foi você e todo esse seu jeito malandro e doce de beijar minha testa no meio da rua enquanto os olhos das pessoas não percebem que existe amor ali. Foi você que insistiu em me chamar pra sair numa tarde de domingo,  onde o que eu mais queria era ficar isolada, chorando, sozinha, me perguntando o porquê deu existir. Foi você que não me deixou fazer o mesmo e te tirar da solidão enquanto um mártire te culminava por dentro. Foi você que destruiu todas as minhas expectativas de achar outra pessoa melhor quando eu deixei tudo o que achava que podia ser melhor pra trás pra aceitar o diferente. Foi você e todo esse seu maldito amor escondido atras dos 1,86 de altura. E da gordura saliente na barriga. 

Foi você que fez chover agora também? Porque eu desconfio que foi, com teu potencial incrível de deixar uma retardada louca por um sorriso bobo e bêbado. Eu! Olha só, eu estou louca por um bêbado que se apaixonou pela namorada do amigo e me deixou a ver navios depois de uma transa inesquecível. Meu Deus, olhe para mim aqui! Eu estou do seu lado enquanto todos que você mais precisava e confiava a milhões de anos sumiram como água que evapora. Eu, que em um mês me deixei levar por um homem que nunca me deixaria fluir, me deixei sentir por um bobo atrapalhado e grosseiro que tem o pior signo do mundo. Eu que estou querendo cair fora mas o maldito coração não deixa porque... Por que que ele não deixa, mesmo?

Ah é, porque você é a culpa do meu celular cair no meu rosto enquanto eu digito. Das lágrimas escorrerem para as orelhas e me deixar meio surda, com o ouvido zunindo. Porque você é culpado de me fazer crer que um bêbado durão e grosseiro é capaz de amar. Mas você não deixa! Foi você até agora que fez meus sonhos com casamento e filhos se tornarem pesadelos por ter apenas você, ali. Que maldição que foi você, e é você, e eu não consigo fazer não ser você! Não nesse momento.

Vai passar, como todas as minhas paixões malignas passaram, mas, no fundo do poço, não queria que passasse. Eu queria que ficasse e fosse o que você foi! Porquê a gente tem o costume de se perguntar diversas vezes o porquê das coisas e acabar sempre com a mesma resposta. Porque eu cansei de trombar com pessoas certas em horas erradas e não ter a mínima decência de poder ter um desejo concedido. 

Eu juro que me afastaria, me obrigaria a não sentir, não amar ou gostar, me faria calar a boca e chorar todas as madrugadas em silêncio vendo você online com a chuva batendo na janela do meu quarto pedindo pra entrar. A chuva!!! Por Deus, até ela quer entrar e você não. Quantas vezes eu vou me arriscar a escrever tanta abobrinha pra um ser tão inescrupuloso que nunca irá ler? E se ler, correrá que nem diabo corre da cruz.

Foi você o motivo da insônia e do chororô, e dos pesadelos que quero realizar, e da noite que me senti amada e desejada interiormente sob as estrelas e uma lua tão linda e assustadora. Como você. Foi você que me fez assim. E sou eu que deveria me desfazer. Não consigo. Sinto muito. Acalmei meu coração agora. Já acendi a luz do quarto e não é você que dorme comigo. A chuva parou mas o calor continua. Quantas casas eu teria que voltar pra ter teu corpo suado no meu de novo. 

Eu preferia que nada tivesse acontecido, caso tenha siso um erro, mas você sabe, eu tenho um amor absoluto por errar.

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