Amor masoquista


Já estava enlouquecendo de saudade do seu corpo quente, quando tu decide me ligar pra ir te ver. Isso é meio masoquista, eu sei, ser apaixonada por alguém que te considera apenas um sexo casual. Mas e que sexo! 
Cheguei no prédio e o porteiro nem telefonou pro seu apartamento, já me conhecia, mas sempre me olhava com aquela cara de pena, sabendo que naquele semana eu deveria ser a quarta ou quinta menina que pegava o elevador e ia pro 9° andar, apê 904. Cheguei enfim na sua porta, toquei a campainha, demorou quase um minuto pra me atender, abre a porta com o cabelo molhado, aqueles cachos louros e rebeldes, lindos.

- Desculpa, Gabizinha, tava saindo do banho. Mas entra gata, a casa já é sua.
A casa é minha, meu coração é teu, que roubada, mais uma vez. Mas vale a pena. 
Bebo um pouco de água, e me viro pra você sentado no sofá, com esses olhos azuis na direção do meu quadril e com aquele sorriso safado, que me fazia derreter da cabeça aos pés.
Tomei um banho e voltei só de calcinha, enrolada na toalha, que dois segundos depois não estavam mais no meu corpo. Você me puxou, cai no teu colo e senti tua língua na minha, como quem estava com fome e nós sabíamos exatamente do que. 
Uma mão na minha bunda, outra entre meus cabelos que aquela altura já estavam desgrenhados. Meu corpo sempre queima nas suas mãos.
Me jogou pro lado e me beijou por inteiro, a sua língua nas minhas entranhas, maior prazer. Tirou minha calcinha, me pegou novamente no colo, eu estava tão molhada que me entreguei facilmente, cavalgando no seu corpo. Logo me vira de costas, sua vez de cavalgar. E assim fizemos o amor mais gostoso, mais completo. Pelo menos pra mim. Você dizia coisas em meu ouvido que me faziam gemer de prazer - "minha ninfeta gostosa". 
Depois de gemidos, posições e múltiplos orgasmos meus, foi sua vez de atingir ao ápice. Pronto, fim do sexo. Até que me surpreendeu em dar um selinho quando terminamos. Minha vontade era deitar ali no seu peito suado, assistir um filme, repetir o amor. Mas o conto de fadas acabou no momento que seu celular vibrou e você olhou, com cara de assustado.

- Caramba Gabi, se veste e mete o pé que minha namorada tá chegando.
- Porra, namorada? Vai a merda, João. Você é um babaca!
Me vesti rápido, saí sem nem me olhar no espelho. Puta da vida. Elevador estava subindo, e parou no andar que eu estava, saiu uma ruiva bonita, sorriu pra mim e seguiu pra onde? Sim, pro apê do João. 
Fui pra casa pensando que era a última vez, fiz promessa e jurei que nunca mais voltaria na casa daquele imbecil. 
Nessa noite eu sai, bebi, fiquei com outro cara e transei no banheiro da boate, quis extravasar, sentir outro corpo pra esquecer de vez o João. Acordei na casa de um desconhecido, só de calcinha e uma camisa grande branca. Me vesti, deixei um bilhete e fui pra casa. 
E jurei que nunca mais faria isso também.

Umas duas semanas depois, chega mensagem no meu celular. 
"E ai minha gostosa, saudade. Vem aqui pra ver filme, beijos."

Filho da mãe descarado, como tem a audácia de ainda me procurar? Não vou, não sou idiota, cansei.
30 minutos depois eu estava no elevador, 9° andar. Toquei a campainha, e ele atende com os cabelos molhados...
Nunca vou aprender mesmo.


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