“Capitão América: Guerra Civil”: Seria bom, se fosse novidade, quer dizer menos covarde


Depois de assistir três vezes ao filme “Capitão América: Guerra Civil” (assiste uma vez dublado, triste, mas precisava observar detalhes e os efeitos em CGI) conclui: A Marvel fez um brilhante entretenimento. Já era sabido que o filme não seguiria muito os quadrinhos, até pela quantidade de heróis, e a introdução de novos personagens. Contudo, isso não diminui a covardia do estúdio em não apostar no universo televisivo composto pelas séries: Demolidor, duas temporadas, com introdução do Justiceiro, Jessica Jones, com Luke Cage, e Agents of S.H.I.E.L.D., com todo o conceito de inumanos sendo apresentado. Claro! Também temos o filme em produção do Dr Estranho, que já foi mencionado no filme “Capitão América: Soldada Invernal”. Esses motivos já seriam suficientes para achar o filme covarde. Contudo, vou falar primeiro de alguns pontos que muitas observam como qualidade do enredo. Contudo, são lacunas no roteiro, ou para ser explicado no futuro ou apenas medo de apostar. 

Primeiro: A desculpa esfarrapada para criar a discussão entre os heróis, tentando apresentar a coerência do “Tratado de Sokovia”. Nesse ponto, o filme foi pedante, por que segundo o personagem Visão (Paul Bettany) a existência dos heróis alimenta e constrói uma vilania ainda maior. Afirmar esse fato é o mesmo que dizer que só existe maldade por que acontece a bondade dos Vingadores. Ignora totalmente os crimes globais que antecedem o surgimento do “Homem de Ferro”, discutidos plausivelmente no filme de 2008. Tenta simplificar algo muito maior que eles, e proporciona uma falsa ideia de onipresença, que já foi deixado claro em “Vingadores: A Era de Ultro” (2015), não teria como acontecer, pelo próprio fator humano, que limita a tecnologia e vice-versa. Em suma, em todo momento é argumentado que o caos só acontece por que os Vingadores existem, o que não é verídico, desconecta o filme com realidade global de terrorismo. Talvez medo de represálias, como aconteceu no filme “A Entrevista” (2014), onde segundo informações, grupos ligados ao governo norte coreano, “hackearam” e-mails particulares do estúdio Sony, liberando várias informações na internet. Vai saber, ficou pobre e presunçoso. 


Segundo: Vilão sem vergonha mais uma vez. Barão Zemo, não é o maior vilão da Marvel, nem tem essa relevância toda, se considerarmos o limbo em que está o personagem. No filme ele foi apresentado de forma brilhante pelo ator. Contradição? Não! Daniel Brühl faz um trabalho verdadeiro com aquilo que lhe foi oferecido. O problema das motivações do personagem não existe, é coerente e válido para aproximar o fator humano do universo fantástico dos heróis. A falha acontece quando se ignora a inteligência de Tony Stark, quando se ignora a competência de autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) voltando-se àquela velha máxima do cinema: O protagonista sempre salvará o mundo. E nesse caso como já coloquei, simplifica o mundo as vontades e acertos dos heróis. Só um exemplo de construção mal resolvida: Stark teria como saber há muitos anos que foi o Soldado Invernal que matou a sua família. Ele invadiu todos os bancos de dados da S.H.I.E.L.D., ele invadiu o sistema de segurança do congresso americano em “Homem de ferro 2” (2010). Ele realmente não teria assistido aquela cena algumas anos antes? A memória curta na construção dos personagens da Marvel vem se tornando constante, ainda mais quando falamos de Homem de ferro. 

Terceiro: Efeitos em CGI, defasados! Perceptivelmente entrega o recorte dos personagens nas cenas, tornando-os artificial. Realmente não é fácil trabalhar com luz, e ambiente aberto, mas foram gastos U$ 250 milhões. Ninguém pensou em contratar o pessoal que fez o filme “Planeta dos Macacos” (2011). Pagar para ver um Homem Aranha recortado em cena só pelo simples fato de ser o Homem Aranha. Era melhor ter feito como Sam Raime, que arrumou um colante para destacar mais a silhueta do personagem em cena. 


Quarto: Falta de ousadia no enredo. Sempre a mesma coisa. Brigas, intrigas entre Tony Stark e Steve Rogers, que na verdade são amigos que divergem em alguns pontos. No caso, liberdade de ação dos vingadores. Mesmo sendo uma sacada legal, diferente dos quadrinhos, não se sustenta no filme todo, por que mais uma vez faltou aprofundar o lado humano dos heróis. É tudo muito frio e racional, fica contido entre eles, como um problema particular, ou segredo. Claro, tudo foi jogado no lixo com aquele telefone maldito, no final do filme (nem era Iphone). Os caras brigaram, tentaram se matar, e um beijo me liga resolve. Nesse ponto, temos “Pantera Negra”, movido pelo assassinato do pai, destoa dos demais vingadores por que você entende o motivo de todas as ações cometidas por ele. Um exemplo interessante como contraponto a T’challa é a Viúva Negra, nunca se curvou para ninguém, mas nesse caso a ideia de aposentadoria ou servir a grupos políticos pareceu interessante. Uma tremenda contradição, se lembrarmos, todos os traumas que acometem a espiã, detalhe bastante reforçado no filme “A Era de Ultron”. Então fica a pergunta: Por que aceitar? Claro, algumas pessoas já disseram que faz parte do disfarce. Eu acho que é por que há muito tempo ela alimenta um sentimento por Rogers, mas é sutil. O filme nem se preocupa com isso, e mesmo assim a coloca contra ele. 

Quinto: Por último, a Marvel está vivendo de introduzir personagens. As bolas da vez foram: Pantera Negra e Homem Aranha. Claro! Temos o Homem Formiga introduzido nesse universo dos vingadores, mas já conhecíamos o herói por seu filme solo. Que por sinal, teve os seus eventos ignorados. Quer dizer, cadê o Hank Pym, quando sua tecnologia, que sempre foi escondida a sete chaves caiu nas mãos do governo. Agora é pensar: Qual a próxima novidade? “Quarteto Fantástico” (2015) não foi bem nas bilheterias. A Fox estuda fazer um seriado em parceria com a Marvel. Será que teremos mais um acordo camarada. Confabulações, apenas... 

Agora voltando para o universo televisivo ou em produção. Custava fazer uma cena com Demolidor? Colocar o personagem em situação de ser hostilizado. Imagina como um fato desses aproximaria o subtítulo “Guerra Civil” de uma verdade no filme. Ou mencionar Stephen Vincent Strange, na mesma cena que falaram de Thor e Hulk. O cara também é uma bomba atômica. Com toda a magia que desenvolve e pode controlar. Eu também senti falta de cenas intimistas, em pequenos universos, como ocorre nas HQs que inspiraram o filme. Jessica Jones, Luke Cage, o Justiceiro, por que não mostrar em duas ou três cenas como esses heróis urbanos observam as atitudes cometidas pela elite dos “super-humanos”. Algo que mostrasse que o M.C.U. (Marvel Cinematic Universe) vai além das telas de cinema, sem produzir dependências, mas sim oferecer argumentos para consolidar e discutir dentro dos seriados uma visão mais próxima da pessoa “comum”. A casa das ideias esquece em seus filmes o motivo da existência de seus heróis, a realidade humana, os preconceitos, medos, dramas, ações e inspirações. A covardia desse filme poderia render um texto de varias páginas, contudo, preferi discutir os que mais incomodaram os fãs e críticos do filme. Claro que muitos eventos ficaram em aberto, como por exemplo: Quem ajudou Steve Rogers a entrar na cadeia? Pode ser Hank Pym, como falei foi ignorado os fatos do filme solo do herói nesse filme. Todavia, pode ser torna uma justificativa no próximo filme (isso foi sarcasmo)...



Share:

0 comentários