O verdadeiro Batman queria se apresentar?
Batman. De todos os personagens em quadrinhos talvez o
mais interessante. Para mim, com certeza existem pelo menos quatro heróis entre
Marvel e DC mais relevantes: Demolidor (meu preferido), Wolverine (clichê),
Sandman e Monstro do Pântano (embora os dois últimos estejam mais associados a
entidades supremas e elementares). Bom então o que me motivou a escrever sobre
o herói? Uma vez que não é meu preferido, não tem super-poderes (hahaha) e
certamente já foi dito tudo sobre ele.
Opinião. Todas as discussões, de fato, já podem ter
sido feitas. Então, entramos aqui no campo das opiniões. Sem ficar preso a
conjecturas estabelecidas pelos quadrinhos ou fanatismo. No caso desse texto,
vou colocar minha opinião sobre o Batman do cinema atual. Sim, apenas no
cinema.
Em 1943 Lewis Wilson foi o primeiro ator a encarnar o
Cavaleiro das trevas fora das páginas de quadrinhos. Porém, não vou analisar a
atuação dele, de Robert Lowery (1949) e Adam West (1966) por dois simples
motivos. Era outra época a pegada era diferente e o viés era mais cômico. O
cinema só teria uma encarnação mais fiel do Batman em 1989 com Michael Keaton
(1989, 1992) com o filme “Batman” de Tim Burton.
Mesmo com diversas alterações na história dos
personagens, a ambientação de Gotham e a caracterização dos personagens seguiu
bem próxima dos quadrinhos. Depois de Keaton, quem utilizou o manto do
cavaleiro das trevas foram: Val Kilmer (1995), George Clooney (1997) e
Christian Bale (2005, 08 e 12). Foram 25 anos desde do “Batman” de Burton e o “Cavaleiro
das trevas ressurge” de Christopher Nolan.
Embora o período seja longo, cabem as comparações, porque estamos
falando de um cinema moderno e com linguagem semelhante. Seria injusto comparar
estes filmes do herói, aos realizados na década de 40 e 60, onde tudo era mais
bonitinho e os heróis eram figuras cômicas que serviam de alívio para a
sociedade. Vale ressaltar todo suporte técnico e pós-produção que envolve os
filmes atualmente. Feito esse pequeno panorama do personagem no cinema,
desconsiderando as produções paralelas como comerciais, curtas metragens e
seriados, me volto para um tema em questão:
Qual ator interpretou o melhor Batman no cinema atualmente? Vou me focar nesse
ponto simplesmente por que os filmes em si, são sobre a vingança do herói. Onde toda a atmosfera que o cerca é
apresentada por este prisma. Ficando mais interessante falar desse universo gótico
e cheio de distorções da morais.
Agora, a resposta para pergunta é simples e até
superficial, Michael Keaton. Por isso vou explicar por que o considero a melhor
atuação de Batman nos cinema. Na época da produção o ator foi rechaçado pelos fãs.
Entretanto de todos os quatro interpretes mencionados de 1989 há 2012, foi de
longe o que mais conseguiu se impor o Batman em relação ao vilão do filme. E fã
do Morcego encapuzado sabe: nenhum outro herói tem uma lista vilões tão
interessante. Só para citar alguns dos mais memoráveis: Coringa, Mulher - Gato,
Pinguim, Duas Caras, Charada, Bane, Hera Venenosa e Mr. Freeze.
Nesse detalhe Michael Keaton foi melhor que os demais,
mesmo contracenando com Jack Nicholson, Danny Devito, Michelle Pfeiffer e
Christopher Walker, o ator impôs um personagem arrogante, sombrio e com presença
de cena. A caracterização do Batman de
Tim Burton também foi um ponto alto. O diretor afirmou na época não conhecer o
personagem a fundo, ponto discutível é claro. No entanto liberou o ator para
acrescentar detalhes mais sádicos e um certo humor negro ao personagem.
Essas características ficaram esquecidas nas duas
continuações de Joel Schumacher e na trilogia de Nolan. Podem parecer pouco
esses detalhes por mim afirmados, porém comparando Keaton com Bale (Batman de
Nolan) fica fácil entender o por quê. Em nenhum dos três filmes da nova
trilogia de Nolan o vilão foi superado ou mesmo subjugado em presença de cena
pelo Batman de Bale. O ator que é conhecido por se entregar ao personagem foi
ofuscado por um herói militarizado dependente da tecnologia. Outro problema, é
simplesmente o fato desse Batman ser domesticado, um garotão grande, que chora
para Alfred o tempo todo é pouco violento e também é medroso.
Christian Bale trouxe para o personagem todo seu
talento como ator, a entrega dele é visível. Sofreu com a racionalização de
Nolan para o herói. Ao aproximar o Batman de uma realidade coerente o diretor,
esqueceu que seres humanos em situações extremas se tornam violentos e cometem
erros condenáveis. Nem todas as ações de um homem buscando vingança podem ser
100% legitimas e descentes. E o Batman sempre foi um personagem que cometia
erros condenáveis em suas ações, desde a tortura a invasão de privacidade. Só
foi possível vislumbrar esses pontos, no primeiro filme e ainda sim por um
breve instante.
Mesmo assim, Liam Neeson e sua interpretação Ra’s Al
Ghul ofuscou qualquer tentativa de Bale de construir um herói que cativasse
mais que o vilão. Nas continuações da
trilogia de Nolan, podemos perceber com mais clareza a fraqueza na construção
do personagem feita pelo diretor. Heath Ledger exemplifica minha afirmação. O
ator também foi condenado pelos fãs (pelo jeito ajuda nas atuações) do herói,
que odiaram sua escolha como Coringa. Ele, no entanto, fez quem assistiu o
filme esquecer o Batman. O Coringa caótico, trazido pelo ator, é, por muitos,
considerado a melhor interpretação desse vilão. Foi tão marcante que mereceu
Oscar póstumo (mesmo muito falando que o ator só ganhou por que faleceu). Bom,
não se pode afirmar nada com relação à premiação.
Do outro lado um apático Batman tentava se sustentar
em cima de um romance que não cabia na historia. Bale ficou dividindo atenção
com personagens secundários e mesmo assim não conseguiu destaque. Nem em
momentos solo do ator no filme a essência do herói conseguia ser trazida à
tona. Como pode ser visto nas cenas dentro da boate com Salvatore Maroni (Eric
Roberts) onde o desespero no personagem é lamentável, já que se trata de uma
seqüência cheia de lacunas e com fim irônico. (continua)
Emir Bezerra, Colunista.
Emir Bezerra, Colunista.
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