Impressões sobre falso herói
Faz
algum tempo adquiri algumas HQ’s do Superman, porém, só
recentemente consegui lê-las. Achei maravilhoso como era construído
o enredo, como era sutilmente colocado os poderes do herói. Até
mesmo à analogia divina atribuída ao personagem não incomodava
tanto. Entretanto, ao analisar todo aquele contexto, cometi o erro de
supor ser algo novo. Não! Os exemplares eram novos, chegaram a mim
naquele momento. No entanto, nunca fui muito fã de Superman,
acredito ser um personagem datado. Então por que não me incomodei.
Por que até mesmo os argumentos absurdos para justificar as
limitações impostas ao personagem me comoveram? Talvez o fato de
sempre ter ignorado aquele cara de cueca vermelha e nunca ter lido
antes daqueles paginas dos encadernados uma historia do herói, tive
o frescor de uma criança que admira, que vê possibilidades, que
surpreende-se com a genialidade por trás daqueles traços.
Todavia
as respostas sempre partem de um principio simples, preconceito.
Conheci o super-herói pelo cinema, nas adaptações da década de 70
e 80. Sem a grandiosidade dos quadrinhos e com a liberdade criativa
limitada pela audiência que iria assistir. O modelo do líder da
Liga da Justiça que conheci, era tragável para uma criança
sugestionável e fã de cores fortes.
Hoje
percebo, aquele ícone dos quadrinhos já se perdeu no tempo. Até na
tentativa mais justa de levá-lo ao cinema, nada parece se encaixar.
Contudo, o grande problema nas historia do Superman é o Superman.
Tal afirmação parece absurda, tudo que o personagem representou
está atrelada a um momento da historia, um ideal nacionalista.
Atualmente se vende a ideia que herói não atendia a ideologia de
supremacia norte-americana. Apenas uma tentativa forçada de manter o
interesse nele e alcançar novos públicos.
Nesse
ponto começa os problemas do kryptoniano. Sempre houve uma tentativa
de oferecer uma metalinguagem factual que proporciona-se um conversa
entre os quadrinhos e a realidade. Mesmo o Batman, foi distanciado
psicologicamente do mundo que o cercava. Porém, impor uma cultura,
não é simplesmente, afirmar superioridade e pronto. Existe a
necessidade de causar terrorismo, outro problema para o filho de
Krypton. Não estamos falando de 1940, o publico não é mais tão
ingênuo, quadrinhos não são mais novidade. E claro, não é mais
um pós guerra mundial. A carga política atribuída ao personagem
com os anos fizeram sua existência fora dos limites das paginas algo
improvável. Mesmo com todas as adaptações cinematográficas,
estamos falando de dois personagens diferentes, que carregam o mesmo
símbolo no peito. Contudo, temos nos quadrinhos um Deus, e nas telas
um homem com habilidades especiais.
Ao
folhear as páginas, notei que somente ali poderemos vislumbrar um
herói sem parecer ridículo. Superman é um ícone mercadológico,
traz consigo a carga política de uma época, porém, ainda tenta
vender esse produto antigo chamada Estados Unidos. Tudo está no
discurso, visual, na escrita, nas sensações e subversão de
valores. Por que quando afirmado que o mundo está mais seguro com
Superman. É só impressão sua, afinal de contas o azul e o vermelho
são sempre mais fortes.
Emir Bezerra, Colunista.
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