Nada comparado à Disney
A garota de cabelos
castanhos dançava balett com uma delicadeza incomum. As pequeninas
admiravam a linda professora Bela, por ser uma bailarina renomada e
espetacularmente encantadora.
– Por hoje é isso
meninas. – Bela pediu o beijo de cada uma e as liberou.
Enquanto se preparava
para ir embora, um homem alto de cabelos negros e, usando uma máscara
apenas na metade do rosto, entrou no stúdio de dança.
Suas roupas eram luxuosas e impecáveis. Seu andar demonstrava muita elegância.
– Você é
dançarina?
Bela deu um pulo de
susto e se esquivou do homem.
– Sim. O que você
quer?
– Preciso de uma
bailarina para treinar meus convidados para um baile de gala a
fantasia.
– Não dou aulas
assim.
– Sei que seu pai
está doente, Bela. Não viria aqui se não houvesse um bom motivo.
A garota sentiu seu
coração na garganta e suas mãos suavam e tremiam.
– Não recusaria
tanto dinheiro se eu fosse você. Dá para pagar o tratamento de e
muito mais.
– Não o conheço.
Como sabe quem sou?
– Sei tudo sobre
você.
– Não! – ela
colocou a bolsa no ombro e se dirigiu à porta.
– Você aceitou já.
– o homem não relutou, simplesmente deixou ela ir.
Bela não tinha outra
opção. Duas semanas depois estava na casa do homem que insistira
que o chamasse de “Fera”. Mesmo insistindo, ela nunca o chamou.
“Isso não é nome, e o senhor não é fera.”
Ela passou um mês
ensinando homens e mulheres a dançarem. Era o simples acordo.
– Fiz o que queria.
Deixe-me ir.
– O.k. O dinheiro
está naquele envelope – o homem apontou para a mesa e se fez
indiferente. Bela pegou e saiu da
casa.
O tratamento do seu pai
foi pago e ele, finalmente, melhorou. Ela reformou todo o stúdio e
começou a dar aulas particulares e para crianças que não poderiam
pagar.
O calendário marcava
exatamente dois dias antes do baile. Uma envelope vermelho foi jogado
por baixo da porta da garota com um sele feito à vela. Bela abriu o
convite que dizia:
“Querida Sta.
Isabela Villan
Quero, por minhas
próprias letras, convidá-la para o baile de gala, que será
realizado daqui dois dias, no salão do Casarão Alienor. O traje é
fino e é necessário o uso de máscaras, pois sem está a entrada
não é permitida.
A senhorita tem meu
total apoio e consentimento para ir como queira, porém, irei mandar
um traje que acho que lhe sirva e que lhe ficará esplêndido. O uso
é opcional.
Aguardo a sua
querida e maravilhosa presença. Por favor, compareça. Meu baile
terá mais brilho.
Att. Fera.”
Exatamente
à 00:00 da véspera do baile, Bela recebeu uma caixa dourada com
suas iniciais lindamente desenhadas, “I. V.”. O vestido era de um
tom amarelo, e prendia no ombro, contendo pequenos e discretos
babados. O saiote fazia com que o volume aparecesse e desse elegância
e delicadeza ao vestido.
Por
respeito e gratidão, Bela decidiu aceitar o convite e ir ao baile.
–
Todos
estavam mascarados, não sendo possível descobrir a identidade. A
garota entrou no baile e dançou sozinha, até o momento em que foi
surpreendida por um mágico. Ele vestia trajes pretos com as bordas
avermelhadas e as abotoaduras douradas. A máscara cobria o rosto
todo e combinava com as cores da roupa.
– Dance comigo – ele estendeu a mão e Bela segurou para poder
dançar. Ele continha uma elegância maravilhosa, que encantou a
menina.
Enquanto
conversavam, caminharam para um pequeno carrossel que ficava no
centro do jardim.
A
garota ficou deslumbrada com o homem que, em um momento de queda, a
beijou levemente nos lábios.
– Você me disse para te chamar de “T.”, mas qual seu nome?
Ele
a olhou e sorriu. A máscara que estava em seu rosto caiu, revelando
as cicatrizes da “Fera”.
Bela
não se assustou, muito menos fugiu ou se espantou. Ela tocou seu
rosto e seus lábios, e então o beijou à boca, depois algumas
cicatrizes.
– Você é a Fera.
– A Bela e a Fera. – sorriram.
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