A criptonita do Super-Homem é a Mulher Maravilha

Estava sóbria o bastante para ver ele me segurando. Olhando para mim e massageando suas têmporas, pensando em como podia estar se apaixonando por uma louca desvairada tipo eu. Mas eu ainda estava bêbada o bastante para vomitar no pé dele. E, mesmo assim, com a maior paciência do mundo, ele respirar fundo e me pegar no colo, sem sentir nojo de mim. 




Olha, que cara no mundo todo convive com uma mulher bonita e gostosa - palavras dele - durante tanto tempo assim, beija ela, pega ela, quase tem ela pra si, e ainda carrega ela no colo depois que ela chapa pela primeira vez? Que cara que limpa o rosto de uma mulher assim? Me diz. Que cara faz isso sem estar apaixonado? Eu posso até estar bêbada ou sei lá, mas, caramba, o cara me cuida como ninguém cuidou. É isso que me intriga. 

Qual louco nos dias de hoje consegue se apaixonar por… mim? Eu sou a pessoa mais fútil do mundo. Depois de ser estraçalhada por um bando de babacas inúteis me tornei uma babaca que chapa na noite com o “melhor amigo” e diz que ama ele na frente de Deus e o mundo - e isso era pra ser segredo de Estado porque nem Deus podia saber . Eu posso dizer que tava bêbada né? Mas daí ele vai vir com o papinho de que bêbado diz a verdade e, poxa vida, disse mesmo. 

Eu estava chapada e ele me carregou, me colocou na cama, me tirou a roupa, me deu banho, ainda que seus olhos estivessem mais escuros do que o normal, me vestiu e me deitou na cama denovo, deixando uma garrafa d’água do lado. Deitando na cadeira do meu quarto. Eu não entendi porque ele não foi embora, mas, depois de beber tanta água, e consciente o suficiente percebi que era amor, devia ser amor.

Slutt não ama, nunca amou, mas ele estava ali me cuidando, me dando banho sem tocar em mim, sem se aproveitar, ele estava ali dormindo numa cadeira ruim por mim. Slutt, que é o garanhão parou de se divertir pra cuidar de mim, pra limpar meu vômito. Que cara "filho da puta", desculpa o termo, que faz isso? Olha, eu não conheço nenhum "filho da puta" que se preocupa com alguém dessa forma. Por mais amigo que seja… ele deixaria ali, daria até um banho de roupa, me colocaria na cama e iria embora, certo? Não, não tá certo pro Slutt.

“Então porque ficou?” Acabei falando alto demais, e ele respondeu:
“Porque eu não iria embora sem saber se você está bem.” 
“Eu tô bem.” 
“O bastante para eu te deixar sozinha?” 
“O bastante para deixar você dormir do meu lado.” 
“É melhor não.” 
“Está recusando minha cama?”
“Estou.”
“Por que?” 
“Porque tem coisa valiosa demais nela, e eu prefiro deixar intocável.” 
“Prefere?” 
“Prefiro, pelo teu bem.” 
“Quero que me toque.”
“Quero te tocar, mas se eu fizer isso você vai saber o que se acontece e isso… vai ser o meu fim perto de você.” 
“Por que? Se apaixonar é errado para você, Slutt? Tanto assim? Se quer saber eu também te amo.” 
“Você está bêbada.” 
“Bêbados dizem a verdade.” E lá vai os olhos castanho escuro ficarem quase pretos. E lá vai eu sentir medo dele.
“Você está sóbria.” 
“Para de se enganar, Slutt. Você sabe, eu sei. Deita e dorme comigo.”
“Eu…”
“Por favor?” 
“Você ainda vai acabar botando tudo a perder, Maggie.” 
“Tudo bem, cara, se você estiver comigo nessa coisa toda, eu boto a perder, só não deixa eu perder você, porque a gente já ferrou com tudo mesmo.” Eu não sei se ainda estava bêbada mas eu sabia muito bem o que estava rolando, e acho que esse era o começo de uma relação. Uma relação que nunca, em hipótese alguma, poderia existir. “Nós não amamos, Slutt.” 
“Sempre tem alguma coisa que ferra com tudo, com u Super-Homem, a tal da criptonita.” 
“Somos um a criptonita do outro.” Seu suspiro foi profundo e era como se doesse, e doía, nele e em mim. Só que agora, já não tinha mais volta.

Contos de Slutt e Mag

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