Cavalgada dos ignorantes

 
Poderíamos começar esse texto com célebre frase de Cazuza: “Brasil mostra tua cara”. Porém, o contexto que essas palavras se inseriam era outro, quando analisado o momento histórico que o cantor escreveu a música “Brasil”. Contudo, o tema do texto, é quase uma luta politica. A hipocrisia enraizada na sociedade brasileira, na identidade, na cultura, na forma de encarar a própria realidade. Se por um lado temos os “coxinhas”, num final de semana protestando contra a Dilma, e tudo que ela representa. Na outra extremidade encontramos os alienados sociais. Em comum, todos tem a falsa noção de liberdade. A ideia concebida de tolerância. E uma irrisória vontade de ter opção. Indivíduos que se fantasiam de liberdade e direitos iguais, ao lado de pessoas “homofóbicas”, racistas, militaristas e hipócritas.
A caminhada foi longa, o circo ainda maior. Despidos das máscaras, que carregam todos os dias, gritavam a todo pulmão o ódio contido, por mais de uma década de falsa igualdade social. Como dizem: “Quer conhecer uma pessoa de verdadeira, de poder a ela”. Neste ponto, as milhares de pessoas que participaram da manifestação do dia 15, não decepcionaram.
Um show de consciência politica, o clamor era tanto, que ignorar o discurso de ódio, estava valendo. Não saber por que estava na multidão também era aceito. Tirar a roupa, pintar a cara e tirar “selfies”, tudo valia em nome do discurso vazio. Memoria curta, dizem que é o mal do brasileiro. Deve ter sido esse fator motivacional (desculpa esfarrapada mesmo), que fez brotar do “ladrão” da toda aquela multidão, ou teria sido o evento no facebook. Tanto faz, depois dessa manifestação, podemos dizer com todo orgulho. Vivemos num país com discurso mentiroso sobre: igualdade social, liberdade sexual, democracia, direito de voto, juventude politizada e tantas outras mentiras que mídia vende nas “malhações” da vida.

Infelizmente, é isso, no grito. No vandalismo por vandalismo, no ódio sem rosto e oportunismo com medo. Quem fez parte da manifestação, já sofreu a lavagem cerebral de sempre, já acordou para realidade colorida. Agora é seguir no canto das igrejas de porta de bar, que se espalham pelo país. Na reclamação contra duas mulheres de mais de 60 anos se beijando. No demônio contido nos títulos de novela da Rede Globo, ou na interpretação equivocada da bíblia, nos dez mandamentos da Record (hahaha).  
EMIR BEZERRA, COLUNISTA

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