Quer grego?
— Hmmmm — ela continuava esparramada na cama ocupando todo o espaço. Nem tinha aberto os olhos ainda.
— Menina, você tá me ouvindo? — parei do lado dela, fazendo uma sombra fria em seu corpo quase nu.
— Tá, tô, me deixa dormir... — resmungou.
— O.k., mas é o seguinte. A gente tava conversando sobre o que? Você tirou minha concentração — olhei pra ela e me aproximei da sua boca — Não dá pra você dormir aqui e usar minhas roupas pra isso. Nem ficar quase nua.
— Sou irresistível, contente-se — juro que vi um esboço de sorriso dela.
— Mag, eu tô falando sério. Preciso achar minha carteira e quero lembrar onde paramos. Eu quero conversar pela primeira vez na vida. Tem como me ajudar?
— Ah, tem. Volta e deita e dorme aqui. Me abraça que tá frio.
— Pelo amor de Deus! — surtei.
Abri a janela do quarto e deixei a luz do sol entrar. Foi direto no rosto dela. Ela abriu os olhos e me olhou furiosa como se eu acabasse de acordar o dragão. Tudo bem que não parecia tão dragão assim, mas...
— Satisfeito, garoto? — tirou minha camiseta que a vestia e se trocou na minha frente. Arrumando o cabelo rebelde enquanto colocava o sutiã e a blusa.
— Quer comer? — tentei agradá-la, falei baixinho em seu ouvido e ela suspirou.
— Hmmmm
Fui até a geladeira e peguei um iogurte, coloquei-o em cima da mesa junto do pão, manteiga e leite.
— Quer grego? — ofereci enquanto ela entrava na cozinha com a cara molhada de água.
— Não... — e então ela me olhou e soltou o de sempre — a não ser que seja outro tipo de grego, ai eu aceito — pronto, acordou bem e sorrindo.
Fiz cara de perplexo pra dar uma descontraída no ambiente e mostrar que eu estava enciumado. Ela veio pra cima de mim me beijar, rindo de um jeito de criança que acabara de aprontar, mas não de forma ruim. Falava que era brincadeira e me beijava.
Peguei um copo de água e me encostei na pia enquanto ela colocava os sapatos e resmungava do sono e da dor no corpo.
— Quer ir pra casa? — perguntei. Ela me olhou e se aproximou, me abraçando.
— Querer eu não quero, mas... Tem a opção de ficar aqui? — claro que foi retórica, tanto que não deu nem tempo de responder e ela me beijou em seguida — Só uma coisa? Quem tem o melhor beijo do mund...
— ME DA UM ABRAÇO! — interrompi, começou a chatice.
— Vou tirar o carro, então. — ela parecia determinada, então eu corri e peguei as chaves da mão dela enquanto ela as rodava no dedo — Poxa...
— Vem, te levo pra casa — e ai eu ganhei mais um beijo quente, molhado e... nossa.
— Gosto do seu beijo — e afundou no banco do carro.
Garota chata. Ainda não lembrei da onde paramos a conversa.
Contos de um casal fora dos padrões
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