A geração do touchscreen.


Com o passar dos anos estamos substituindo o toque e o contato pelo toque na tela do celular e o ouvir através de uma ligação. Deixamos de conversar nas mesas dos bares e restaurantes para ficarmos cada com no seu mundinho, falando com pessoas que estão longe e as vezes até perto. E sim, esse papo já é tão clichê, já tem enchido tanto o saco, já tem esgotado tanta gente, porém todo esse papo não adianta muito. Existem tantas campanhas para tentar fazer com que nós deixemos de lado essa vida de conexão 24 horas por uma vida de mais contato com o humano, pela carícia, pelo papo olhando nos olhos.

Nós não mantemos mais vínculos humanos. E não entenda como se eu dissesse que seus contatos do whatsapp ou facebook fossem seres extraterrestres, o que quero dizer aqui é que trocamos o humano pelo virtual, pelo ver através de uma tela de computador. Andamos por aí carregando nossos celulares sempre conectados, chegamos a certo e a primeira coisa que perguntamos não é o preço da comida, mas sim o famoso “qual a senha do wifi?” e o mesmo ocorre na casa dos amigos e familiares.

Lembro de ter lido uma frase recentemente no status do whatsapp de um amigo que dizia “menos touchscreen e mais touch skin” e me deparei com tamanha hipocrisia, pois esta mesma pessoa fica online 24 horas e se fosse possível ficaria até umas 30. Mas, parei para pensar por uns minutos e realmente aquela frase deveria ser tomada como uma “missão de vida”, pois se conversa tanto através das redes que quando você vê aquela pessoa especial pessoalmente não existe o que perguntar, você já sabe tudo e então me lembro de twit que vi “se nós já conversamos sobre tudo 24 horas quando nos vermos a gente só transa” e bem, não deveria ser assim, não poderia ser assim.

Onde estão as cartas dessa geração? Aquele velho segurar a mão e o famoso namoro de cadeirinha? Ainda existe quem mande flores? Quem compre papel? Alguém ainda sai para conversar? Só conversar, sem tocar no celular, sem ser interrompido por ligações ou pelo bip do whatsapp? Onde estão as pessoas que se desligam por uns minutos do dia e apreciam a companhia daqueles que amam? Alguém ainda para e assiste aquele velho filme em família? Falando nisso, alguém ainda se reúne em volta da mesa para almoçar?

Bem, nós estamos nos estragando, nos afastando, nos isolando de nós mesmo. Somos nós os culpados da nossa própria destruição, somos os vilões das nossas próprias vidas. É meio como Bukowski escreveu “O que matou os dinossauros foi que eles comeram tudo à sua volta e depois tiveram que comer uns aos outros e com isso só um restou e o filho da puta morreu de fome.”

Será que não estamos fazendo com a humanidade? Será?


Camila Leal, Colunista.

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