Um passo errado


Os três indivíduos também correram para dentro da casa e fecharam a porta. Eu estava atrás do balcão da recepção agachado, eles, estavam pendurados na janela olhando para fora, o que deve se passar na mente dessas pessoas? Com a chegada da polícia, veio também a imprensa, ouço barulho de helicópteros também, estamos cercados e daqui eles não escapam mais. 
Novamente os três começaram a discutir culpando um ao outro pela merda feita nessa noite, tudo começou num roubo e acabou numa chacina, começaram a gritar com os policiais dizendo que não iam se entregar, que tinham reféns. Reféns? Será que pegaram Marcia, Marcos e Alice? Não pode ser, entrei em pânico mas eu não podia agir pois eram três contra um e com certeza eu morreria, mas consegui pensar por um momento que não ouvi a voz de mais ninguém a não ser dos três ladrões de merda, ou seja, não pegaram eles, devem estar mentindo, assim espero.
Do outro lado da porta a polícia tentava contato com os três, dizendo que eles tinham que se entregar ou eles iam invadir, eles riram, dizendo que iam arrancar dedo por dedo dos reféns, parece que eles tão levando como se isso fosse uma brincadeira de criança, estamos brincamos de polícia e ladrão. Filhos da puta! Seres humanos são ridículos, não sabem respeitar, só sabem destruir! Lixos! 
Sentia muita raiva em mim, eu queria estourar os miolos desses três, não aguentava mais esperar. Engatilhei minha arma, respirei fundo e pensei, essa é a minha hora, tenho que fazer meu trabalho, segurei minha arma forte, respirei fundo mais uma vez e quando pensei em levantar, um deles veio para perto do balcão, gelei. Acho que meu psicológico ainda não está muito bem preparado para esse tipo de acontecimento. 
Por um minuto achei que um deles havia me visto, começou a falar que ouviu algum barulho perto do balcão, o outro responde que era paranoia e que era para ele prestar atenção na janela, ufa, salvo pelo inimigo. A multidão começou a se aglomerar lá fora, jornais de todo mundo queriam saber o que estava acontecendo naquele hotel, o porquê de tanta polícia, eu podia ouvir o barulho do helicóptero como se estivesse dentro da casa, um dos ladrões ligou a tv da recepção, eles estavam no principal jornal da cidade e do mundo e comemoraram com isso, tiveram a ideia então de “matar” um refém, deram vários tiros contra a parede e pegaram um corpo que mataram quando chegaram e jogaram pela janela, fazendo com que a multidão se revoltasse e começasse a gritar para a polícia invadir. 
Já se passaram mais de 10 horas que isso tudo está acontecendo, eu não pude fazer nada a não ser segui-los, pensei em Marcia, será que está segura? Será que está bem?  

João Pedro Sanches, Colunista

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