Ajude-me a segurar essa barra, que é não te esquecer
Você me disse: “Eu não sou assim.” Mas, então
pensei que não sei mais quem você é, eu costumava te olhar sabendo que queria
ver aquele rosto todos os dias logo ao acordar, e que se possível fosse, também
gostaria de manter aquele sorriso intacto, aquele que você dava quando estava
ao meu lado. E quando tocava suas mãos, eu só não queria soltá-las mesmo que o
mundo tivesse desabando lá fora, eu só pensava que queria sentir seu calor em
todos os dias frios e que quando não fizesse frio nós apenas daríamos um jeito.
Mas o meu erro foi pensar que meu amor
bastaria, que as flores entregues comprovariam, que as palavras ditas
guardariam, e que o sentimento pela primeira vez seria recíproco, porque minha
solidão se estendeu sempre a amar sozinha, e no fim acabei amando por você e
por mim, e agora perdi qualquer vestígio do bem que esse sentimento um dia me
fez, e as lágrimas ou esse nó na garganta comprovam que foi real e que ainda
machuca, mas eu estou sempre trazendo de volta todas as coisas, e ainda me
lembro daquela tarde em que olhando nos meus olhos você disse: “Eu não quero
mais você e não existe mais nenhuma chance.” Então realmente pensei naquele
instante que o amor acaba, e que merda de metáfora mas aquelas palavras foram
como facas entrando no peito, e eu não soube nem ao menos me defender, porque
se fosse capaz de olhar nos meus olhos iria saber que eu ainda amo você.
E eu não sei qual é a parte mais dolorosa, a
que penso que não vou encontrar um amor assim ou a parte em que tenho certeza
de que você nunca irá me pertencer novamente. Mas eu sinto muito, eu costumava
desde criança desistir das coisas que elas chegavam ao fim antes mesmo que eu
percebe-se, mas tudo mudou quando você chegou, eu quis lutar cada dia para que
isso não tivesse fim, eu não conheço o pra sempre mas eu queria tanto ter
vivido ao seu lado, e descobrir finalmente como é ser singular e ao mesmo tempo
plural.
Mas o amor é mesmo isso, ás vezes você se descuida dessa
coisinha pequena, e um acumulado de coisas ”insignificantes” geram uma
significância enorme, as brigas, as coisas insensatas se acumulam, gerando
cansaço e quase sempre o amor vai indo pelo ralo da pia, mas por ser tão
pequeno você sabe que não conseguirá segurar com suas próprias mãos, será
necessário maior esforço, quem sabe quebrar algo aqui, abrir algo ali, pois
afinal a dor é uma ferida que você precisa arrancar a casca, passar remédio e
esperar o tempo curar, e é exatamente isso, o amor foi embora pelo ralo da pia.
Mas me ajude, me ajude porque eu amo e sempre vou amar você, e incrivelmente
sempre mais do que antes. Ajude-me a segurar essa barra, que
é não te esquecer.
“Ela me disse de manhã que não sente mais a mesma
coisa em relação a nós, me parece que quando eu morrer essas palavras serão
escritas na minha lápide.”
Story of my life
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