Não o amo, mas...
Ontem ele me disse firmemente que reencontrou o amor de verão na última semana, aquela que ele foi passar na praia. Que ele não a beijou, nem a tocou ou alimentou qualquer desejo de amá-la novamente porque sabia que teria que ir embora, mais cedo ou mais tarde, e isso não acabaria bem pra nenhum dos dois. Alguém iria sair magoado, ele disse. Disse de um jeito que me fez chorar por horas e me pegar pensando, novamente, em porque não sei o que é isso. Ele disse que viveu intensamente cada minuto único que teve com ela e que ela morreria logo. Todos morrem, falei no tom maia egoísta possível, sabendo da frieza que acabara de me enrolar o coração. Porque ele não havia vivido esses momentos intensos comigo também? O quão injusta a vida pode ser a te colocar pessoas como ele e te arrancar tão fácil como se tirasse pirulito de criança. Tão fácil que você nem vê quando ele te escapa dos dedos igual água. Não. Não o amo, quem diria eu amasse alguém, nem sequer sou apaixonada por ele. Mas o quero, não sei por qual motivo essa obsessão. Talvez seja porque é algo que não posso ter, e meu instinto idiota me puxa pra querer aquilo que não me convém, ou não há outro motivo explicável. Eu queria ser a garota prestes a morrer, só pra saber como é ser amada por alguém, mesmo depois de tempos, mesmo sem nem se tocar. Eu queria ser a garota prestes a morrer só pra viver intensamente com alguém a noite, na beira da praia e ter certeza que aquilo duraria a vida inteira, porque assim eu o faria. Eu queria, mas sou só a garota viva que viveu alguns momentos o mais intenso que podia, tentando, em vão, mostrar que podia amar, se a deixassem. Eu não quero saber das histórias de verão dele, ou dos amores, ou das ex, ou da vida. E desse vez nem é egoísmo, é porque a gente precisa disso, alguma vez. E bom, eu nunca tive. Eu nunca vou amá-lo, mas nunca vou esquecer em como ele transformou a mim e ao meu gelo particular. Nunca vou esquecer que ele foi o único que me fez pensar em se casar. Mas a vida não é nenhum amor de verão que dura pra sempre. Ela é um filme de comédia onde algo nunca da certo.
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