Ela é perfeita, cara!


Gabriela Cadamuro

Cara, ela é perfeita. Pra porra. Pra porra mesmo. Ela é toda dengosa, manhosa, toda sensível, mas é um baita mulherão. Quando ela me vê, ela fica olhando lá de longe, sabe? Aí ela sorri e sai correndo, pula no meu colo e me aperta com toda a força que ela consegue, mas nem faz cócegas. Perto dela eu sou um touro.

Ela é toda branquinha, baixinha e loura, e eu moreno, alto o bastante pra ela deitar a cabeça no meu peito. Ela fica me olhando do nada, de canto, aí quando eu olho ela desvia e começa a rir. É claro que eu não caio nessa e riu também enquanto puxo ela pra mim e ela tenta se soltar. E cara, vendo ela tentar se soltar mas querendo que eu não a solte é muito gostoso.

Quando ela apronta alguma, ela chega do nada falando: “Amorzinho, eu te amo tanto, sabia?” e eu sei que ela aprontou, mas é difícil ficar bravo quando ela fala isso. Sofri demais cara, sofri demais pra ter essa menina do meu lado e por mais que a gente brigue praticamente todo dia, eu não sei se deixaria ela ir, não. Na verdade, eu não deixaria, cara. Não posso deixar. Ela é chata pra porra, é implicante e confusa, e me deixa louco, mas eu deixo ela louca também. Quando a gente briga, ela fica puta porque eu não demonstro nada e ela acha que eu não amo ela. Da uma puta raiva de mim quando ela chora, eu queria abraçar ela e eu abraço. Eu nunca podia abraçar ela quando ela chorava e eu sempre fazia ela chorar mais, e agora eu posso, e eu abraço. Abraço porque porra, ver aquela baixinha chata chorando porque a gente brigou, dói demais, sabe? Ai ela se enrosca no meu corpo e chora mais, e quando ela para ela me olha com os olhos vermelhos e sorri, e me beija. E porra, eu fico perdido sabe?

Como que eu vou resistir a ela, cara? Não consigo. Eu prometi pra ela que ia ensinar ela a andar de skate, pensa nessa criatura andando? Eu também pensei, mas eu nunca fui o primeiro a ensinar. Quando tive perto dela, fiz isso, e eu não tenho paciência, e cara, foi a melhor sensação do mundo. Ela caiu umas três vezes no meu braço, mas eu tenho certeza que foi de propósito, porque ela sempre me beijava depois. Ela se ralou tanto, e eu só ficava lá vendo ela fazer biquinho enquanto eu passava remédio e colocava band-aid. Eu nunca vi uma mina tão frágil e tão forte e tão chata e tão linda como ela. Nunca vi cara. E porra, faz tantos anos já e eu não consigo deixar de vê-la com outros olhos. As vezes eu fico tão puto com ela, mas é difícil resistir. É tipo aquela música “por baixo ou por cima”, é bem aquela música, a gente briga pra porra, mas no fim ela sempre acaba por baixo ou por cima de mim, igualzinho a música e porra! Ela me deixa louco cara, e que sei lá.

Eu sou louco, sabe? Eu tenho sorte e azar porque ela é me deixou piradão, mas eu sou o cara mais feliz do mundo. Ela não é nenhuma princesinha perfeita e mimada, mas ela é sensível da forma dela, só que quando quer ser durona ela é. Pensa num coração bom? Essa mina tem. Sei lá o que ela viu nesse preto aqui, mas viu velho. Eu sou feio e ela linda, sou chato... e ela também é, algo a gente tinha que ter igual. Mas mano, sou todo assim e ela é todo assado e a gente não combina em porra nenhuma, mas combina tanto juntos.

Sei lá, depois de tudo que a gente já passou eu tenho até medo. Meio que ela é minha vida, entende? Sem ser romântico, ela é mesmo. É que tipo, ela entrou, fez o furacão, mas ela reconstruiu tudo do jeitinho dela e fico até legal assim sabe? Ela pode ser a mina mais desgraçada e confusa do mundo. Mas eu gosto de me perder em tudo isso, porque mais tarde eu sempre me perco no corpo e no amor dela. E porra cara, não tem sensação melhor.

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