Erotismo x Pornografia: A cultura do imediato.




O EROTISMO TRANSPASSADO PELA PORNOGRAFIA DO VISUAL

O avanço da cultura do voyeurismo juntamente com as mídias e o pornográfico estampado e cuspido na cara de todos, vem fazendo com que o erótico seja transpassado e deixado para trás pelo pornô (nu e cru), por aquilo que “os olhos podem ver”. Hoje, não mais se usa os poderes da sedução, não se tem mais aquele jogo de cintura antes de partir para o ato sexual em si, apenas se transa e ponto.

Segundo Baudrillard:
Somos a cultura da ejaculação precoce. Cada vez mais, qualquer sedução, qualquer forma de sedução, que é um processo altamente ritualizado apaga-se por trás do imperativo sexual naturalizado, por trás da realização imediata e imperativa de um desejo. (1991:47)”.

Sim, temos vivido a era da realização de desejos, mas isso não é bom? Claro que é, ou pelo menos era para ser. Nós chegamos a um ponto em que realizar o desejo é tão forte que pulamos todas as outras etapas, as “caras e bocas” sendo substituídas pelo “tira logo essa roupa”.

Baudrillard vê ainda na cultura de hoje a relevância concedida ao sexo, tido em instância autônoma, desvinculado do ritual inerente à sedução. Ou seja, a sedução morreu quando a indústria pornográfica, a cultura do instantâneo se instalou. E ele ainda fala sobre o pornô, que:
O voyeurismo do pornô é não um voyeurismo sexual, mas um voyeurismo da representação e de sua perda, uma vertigem de perda da cena e da irrupção do obsceno. (1991:36)”.

Então, nós podemos dizer, até afirmar que a indústria do instantâneo se instalou até em algo que era para ser além do supérfluo, com as mídias e os conceitos de mercadoria o corpo, o erótico, a sedução, o ato sexual, tudo se tornou um objeto, nós “objetivamos” tudo. Porém, creio que ainda há quem valorize a tática do “caras e bocas” ao invés de partir para o “tira a roupa”.



Camila Leal, colunista.


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