A pequena irrecusável sereia


Não sabia o que esperar dessas férias. Meu nome é Bob e eu sou herdeiro de um Rei. Não me chame de príncipe, não sou isso, nem quero ser. Não me importo para reinado algum, quem dirá para as pessoas que seguem meu pai. Fodam-se elas.

Decidi sumir de toda essa bagunça que "O Grande Rei" estava transformando a minha vida. Uns amigos me chamaram para ir à um balneário cerca de 400km da minha cidade. Arrumei as malas e só com um aviso fui para a praia. Percebi a raiva que irradiava da sua pele quando disse. Virei as costas e fui.

- Nunca mais volte, Bob! - ele gritou dos portões.

Chegamos no lugar meio perdidos, mas deslumbrados com a beleza do balneário e das mulheres que passavam as férias lá. Fiquei encantado, mas não era só eu. Os garotos babavam e sorriam com cada princesinha que passava de biquine pelo nosso carro.

Deixamos nossas coisas no apartamento, colocamos roupa de banho e descemos para a praia. Sentei na areia e fiquei admirando a vista daquelas belas mulheres. Percebi que algumas olhavam para mim, isso me encorajou ainda mais.

- Presta atenção, vou pegar aquela ali! - apontei para uma garota de seios grandes e corpo esbelto. Os caras riram sem parar. 

Me dirigi a menina de olhos verdes e joguei um papo barato de quem eu era. Um príncipe, seus olhos brilhavam. Imbecil! Cheguei mais perto da garota e beijei-na. Ela não recusou e devolveu o beijo.

- Vamos sair daqui? - e ela apenas assentiu.

Levei a garota para umas pedras longe das pessoas e ali transamos. Por várias vezes senti como se um peixe batia no meu pé, como se me quisesse longe dali. Quando eu olhava, não havia nada. Após me satisfazer, deixei a garota se virar e voltei com os caras. 

Foram três dias assim, pegando mulher adoidado. Acho que cheguei a umas 20 garotas em três míseros dias. Só nos restava mais um e eu iria aproveitar. Meus olhos percorreram a praia e paralisaram quando vi uma ruiva de olhos verdes me encarando. Seu rosto era limpo e seu sorriso derretia o que quisesse. Os homens passavam por ela tropeçando nos próprios pés, mas ela olhava para mim.

Senti meus pés se mexerem involuntariamente e me levarem até a ruiva. Era como se eu não coordenasse mais meu corpo, de toda forma, eu nem ligava. Ouvi os garotos chamarem meu nome, mas não consegui mandar sinais para virar a cabeça. Eu estava indo em direção a garota.

- Como é seu nome, querido príncipe? - sua voz era delicada e angelical, como se cantasse para crianças dormirem, senti meu corpo se entregar.

- Bob.

- Bob, meu nome é Ariel. Já ouviu falar de mim, Bob? - minha garganta fechou, perdi a fala, perdi os movimentos, o controle, mas ainda caminhava ao lado dela. - Sabe para onde estou te levando, Bob? Conhece as pedras onde abusou das garotas?

- Elas... e-elas concordavam. - tentei falar, em vão.

- Claro que sim, você as iludia, príncipe. Já ouviu as histórias de serias, Bob? - eu estava hipnotizado na voz dela, comecei a perder os sentidos. Quem eu era?

A mulher de cabelos ruivos encostou os pés na água e eles foram se transformando em nadadeiras, uma cauda gigante apareceu e ela me puxou para o mar. Tentei gritar em vão que não queria, tentei pedir desculpas mas ela não aceitou.

Suas mãos agarraram meus ombros e ele me fitou fortemente nos olhos. Sua voz doce explodiu na minha cabeça "Nunca iluda uma garota, Bob. Há sereias muito protetoras neste mundo". E de verdes, seus olhos foram transformando-se em um preto desconcertante. 

Eu não enxergava mais nada e não respirava também. O fôlego havia acabado e a última imagem que eu tive era do sorriso dela. Ela era linda. Como uma sereia.

Deu a louca nas princesas - A pequena sereia, Ariel

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