O amor faz a gente passar por cada uma!

 “Existe uma luz no fim do copo de todos.”- Ele me disse depois da trigésima dose de uísque. Todo atrapalhado, rindo de tudo, começou a chorar, a dizer que não aguenta mais viver e que nada nesse mundo vale a pena. Eu apenas escutava-o e dava gargalhada da sua fala enrolada, mas, no fundo, eu sabia que ele estava certo. Se ele falava aquilo para mim ou se era para ele mesmo, eu não sabia. Não precisava saber.

Na outra noite, quando virei umas quarenta doses de uísque e umas cinco de vodka, foi ele que me levou para casa, que me ouviu reclamar da vida, chorar e rir ao mesmo tempo, enquanto descrevia as merdas que eu já fiz e as que me fizeram. Levou-me para casa. Sentou-se atrás de mim, enquanto eu caía ao lado do sanitário e segurou meus cabelos, enquanto eu colocava o que bebi e o que não bebi fora.

Engraçado... aguentamos cada coisa quando se há amor. Hoje é a minha vez de pagar a “babá do bêbado” e, por incrível que pareça, eu não estou brava. Ele continua dizendo que a vida tá uma droga. Fala do trabalho, do colega de trabalho, do amigo que traiu sua confiança. Conta-me da garota que conheceu no ginásio e se apaixonou completamente, mas nunca teve coragem para falar; da mulher mais fácil que já pegou; da primeira vez que contratou uma prostituta; do primeiro porre; do pai malvado; da mãe melosa... E eu fico calada, ouvindo, assentindo e gargalhando dos tropeços nas palavras.

Ele tenta levantar e cambaleia para o lado. “Opa!” Essa é a minha “deixa”. Hora de ir pra casa dá um banho nele e ficar o resto da noite segurando-o para que ele não caia no próprio vômito.
Enfim, o amor faz a gente passar por cada coisa! 

COLUNISTA, CAMILA LEAL.

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