Eu te matei em pensamento, você nem sabe


Ontem eu quis te matar, te jogar na fogueira e te ver queimar. Puta que pariu! Você consegue me encher de paixão e ódio ao mesmo tempo. E me deixar frustada e boba também. É uma coisa esquisita, fora de cogitação e ridícula.

Não que eu ligue, deixei de fazer isso desde o primeiro dia que te conheci, mas eu entrei em pânico. Vai que você morria, entrava em coma. Eu ficaria pirada. Se você vai morrer, que eu te mate. Mas de amor, de prazer, de paixão. 

Acho que você disse umas quatro ou cinco vezes "se não levasse tão a sério..." e eu fiquei pensando na super direta que você deu. Não levo a sério. Na verdade, pela primeira vez eu não tô levando a sério. Tô levando na brincadeira, na felicidade, na cumplicidade. Nada de seriedade porque eu não sou assim. Fui feita de malandragem, de piadagem e bobeira. Cresci sendo uma menina boba, que não tentava frustar meus próprios sonhos e, opa! Ainda não frustei você. Belo caminho estou.

Pra te falar a verdade, essa é a primeira vez que não meti os pés pelas mãos. Que não quis colocar a carroça na frente dos burros, que não me impus de louca apaixonada. Estou sim, você deve saber disso já, assim como você deve gostar de mim, nem que seja um pouquinho (ainda tenho minhas dúvidas). Mas não serei a maluca que te cobrará as coisas, a psicopata que sentirá um ciume doentio e fora de controle porque você vai jogar futebol numa terça com teus amigos. Quem sou eu pra te impedir de viver? Quero ser tua por completo, mas isso nunca me fará te obrigar a me dar satisfações. Eu não sou assim.

Te quero sim, não duvide. Quero ser sua daquele jeito e isso passa pela minha cabeça algumas vezes, da mesma forma que passa pela sua, igual me contou. Mas eu sei esperar. Sei esperar o tempo que Deus reservou para nós e o teu tempo. Esperar que teu coração confie em mim o suficiente para não morrer de pavor ao me pedir pra ser tua, um dia, ou não. Cogito a hipótese, te gosto, mas não fico me prendendo a isso. É um status e de status estou farta, mas nada que não me deixaria feliz.

Dou valor ao que você faz, ao chocolate que me compra sem nem eu pensar em pedir. Só pra eu te dar na boca. Gosto de quando passa a mão no meu rosto. Da última vez, minha experiência com filme de terror me levou ao medo de filmes assim e ao medo de me esconder em alguém. Trauma quebrado com você. Ao invés de palavras grosseiras, você riu da minha cara de medo e passou sua mão no meu rosto, e pela primeira vez em anos eu me senti uma bonequinha protegida no teu colo. E que fique em segredo, mas acho que gostei de ver terror com você. Ok, pode se achar já! Assistirei "A forca" com você. Mas quero um beijo como presente.

Obrigada. Mas ainda quero te matar, por ser um trouxa e me deixar preocupada e não entender que sou assim. Poxa! Não me deixa maluca que eu entro em pânico. Sou movida a preocupação, e não ria da minha cara, sou fofa. Mas não me chama de fofa, imbecil! 

Mas, tá, obrigada de novo. Por me mostrar que as pessoas podem ser diferentes. Que nem todas são uns monstros e que ainda posso receber proteção e carinho sem pedir. Não quero nada mais de você do que isso, teu cuidado e teu afeto, teu companheiro e tuas risadas. Não preciso de mais nada, só queria que pudéssemos ter mais lugar para nós. Sentar num sofá e ver um filme, sem nenhum tormento, sem ter que se esconder quem somos. Somos nós, um do outro, sem status, sem brigas, sem obrigações. Só queria que soubesse que sinto orgulho. Só porque você é você, e de você eu também sou. 

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