Chatham, 21 de Dezembro de 2011.
Estou sentado na varanda com uma
garrafa de vinho, esse caderno velho no qual escrevo mais uma vez para ti, uma
caneta escura, um maço de cigarros e a saudade. Ah, essa saudade querida, que
chega nem sei por que, que vem eu nem sei de onde, mas que machuca e como
machuca. E têm essas lembranças Sophie, essas lembranças do teu riso, de quando
nós estávamos juntos e felizes, de quando nada mais no mundo importava além das
nossas mãos encaixadas, é triste admitir isso a você, porém é dos momentos felizes
que mais me dói lembrar, porque sei que acabou, é querida eu sei, e dói porque
nunca vai voltar e Deus sabe-se lá porque diabos, eu sei que não vou ser capaz
de esquecê-los e sei também que não vai parar de doer, não vai...
“Sabe Rich, você parece um velho
ranzinza e eu gosto de velhos.”. Lembra quando você disse isso? Acho que não,
porém eu lembro, porque eu me lembro de tudo, então, você estava sentada aqui
no mesmo lugar onde eu estou com um caderninho igual a esse e uma caneta “fofinha”,
enquanto rabiscava algo eu regava as flores que antes ficavam em frente à casa,
as quais morreram depois que você partiu, e você fumava e escrevia e tomava o
mesmo vinho barato que estou a beber agora. Eram coisas do seu cotidiano,
coisas que fazias todos os dias, as quais eu roubei para mim, é So, foi nesse
dia que você me chamou de “velho ranzinza” e eu nem sequer sei o porque, até
hoje não entendo muitas coisas das quais você falava, “ela é louca” eu pensava
e ainda te acho louca, mas não um louca qualquer sabe, você é a louca mais
sábia que já conheci.
So desculpa se hoje minhas
palavras parecem meio sem nexo, sem contexto para ti, é que já estou meio
bêbado, uma garrafa já foi e esta bem, já está pela metade e tu sabes como sou
fraco para bebidas, tu sabes como sou fraco para tudo. Se eu fosse forte, eu
não estaria a te escrever estas cartas e muito menos olharia a caixa do correio
todos os dias atrás de uma resposta tua. Eu te suplico que me respondas, não
sei, não sei mais viver sem saber de ti, sem ter notícias suas, e não são
devaneios de um bêbado ou de um louco, são devaneios de uma mente torturada e
um coração ainda, infelizmente, apaixonado e partido. E So, se eu for um louco
tu sabes que o único remédio que me surte efeito é você.
Rich
Camila Leal, colunista.
Camila Leal, colunista.
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