Chatham, 20 de Janeiro de 2012.
Querida Sophie,
Sabia que
janeiro é o meu mês favorito no ano? Os cheiros, os tons, a brisa que vem do
mar... É tudo tão... Na verdade So, esse não era o meu mês, até você partir e
tudo nele me fazer lembrar você. Às vezes sento e fico revirando na minha
cabeça tudo o que aconteceu entre nós, desde o nosso primeiro “oi” naquele
barzinho da esquina, a primeira vez que você aceitou uma bebida que te ofereci,
até o dia em que você partiu e toda essa fase nebulosa começou em minha vida.
Lembro-me
dos teus cabelos soltos e longos e o cheiro que emanava deles era
delicioso, a forma como você os balançava era “angelical”, porém ao mesmo tempo
sexy. Você sempre soube esconder por trás desse seu sorriso meigo a mulher de verdade
que existe e sempre existiu dentro de você. Você nem sequer me notou aquela
noite e eu tive que voltar várias outras noites até tomar coragem de falar,
“oi, aceita uma bebida?” você sorriu da forma mais educada que pôde e me disse
que não, porque estava “acompanhada”, sabe isso só me deixou com mais vontade
de te conquistar por isso, eu voltei todos os dias durante um mês inteiro, até
que naquele dia 31 você aceitou o primeiro copo de bebida que lhe ofereci e
como foi sexy ver a marca do teu batom manchando o vidro aquele, ah... So.
Só me restam
hoje às lembranças dos momentos que compartilhamos juntos, o cheiro do seu
perfume que eu ainda guardo com todo o amor dentro da minha escrivaninha,
aquela fotografia manchada pelas cinzas dos cigarros que eu escondo em baixo do
travesseiro e o gosto dos teus lábios e do teu corpo que não saem de maneira
nenhuma da minha cabeça. Se tu soubesses o quanto é doloroso So, se tu
soubesses... Tem dias que chego a me indagar se tu ainda sentes algo, ou se realmente
passou uma borracha apagando tudo o que vivemos e tudo o que tu sentias, ou
dizias sentir por mim.
Então So, você
deve estar gritando internamente “Rich, larga de ser melodramático!”, porém, tu
sempre soubeste desde o princípio que eu era o drama em pessoa, que tu comigo
ou era oito ou oitenta e mesmo assim ficou e confio, até cansar desse
turbilhão, vulgo Rich. Enfim, eu enrolei até aqui, fiz drama mesmo só para te
dizer que: eu senti o teu cheiro, provei do teu gosto, me desfiz e refiz nos
teus braços. Eu desvendei teus mistérios, não todos, pois tu nunca deixarias, fui
teu cobertor nas noites frias e fiz brisa para ti nas noites mais quentes. Eu
peguei tuas manias e teus gostos e decorei de um por um só para te mimar e te
satisfazer. Dediquei meus dias e minha poesia a você, desde o verso mais
simples, até aquele que é impossível ler e compreender de uma só vez. Eu me
viciei em você, eu sou um dependente químico So, e nem me importo se é clichê,
pois eu senti as borboletas no estômago quando nos beijamos e todas elas sendo
esmagadas quando tu saíste por aquela porta dizendo “adeus”.
Rich
Colunista, Camila Leal.
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