Doce por doce, eu prefiro você.
Sabe aquele gosto amargo do álcool descendo pela sua
garganta e queimando tudo? Então, de qualquer doce que eu já tenha provado,
esse é o melhor e nem doce é, é amargo. Sabe aqueles casais cheios de “eu te
amo” que se apelidam de “amor” “mô” “vida”? Então, eu prefiro muito mais aquele
teu “saudade” ou aquele “quero passar a noite contigo” depois dos nossos beijos ardentes.
Eu não sei o porquê, porém te emprestar as minhas meias
durante a noite, deitar ao teu lado e aquecer teu corpo frio é muito melhor do
que qualquer coisa que possamos fazer na frente dos outros, do que qualquer cinema,
qualquer filminho de romance que possa existir e qualquer passeio de mãos dadas
que possamos dar.
Você sabe, não sou do tipo que vai chegar e te entregar um buquê
de flores, só que nunca vou deixar que teus cigarros acabem e sempre terá um
livro novo do Bukowski para que você leia. Nunca faltará álcool na geladeira e
muito menos aquele macarrãozinho, já que é a única coisa que nós dois sabemos
cozinhar e olha, meu macarrão fica bem melhor que o seu.
Eu prefiro o teu maldito mau humor, as tuas loucuras diárias e o amargo das nossas
manhãs tão lentas. Prefiro muito mais as nossas brigas loucas e você batendo a
porta com toda a sua força, que nem é tanta e depois voltando com aquela cara
lisa “tu é babaca e eu idiota, tem algo para beber?” e eu te deixo entrar, te
deixo morar na minha cama, te dou um espaço em cada canto meu, divido meu
álcool contigo e ainda arrumo o teu espaço dentro do meu coração.
Colunista, Camila Leal.
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