E você sorria
Ontem eu te vi passar solitária pela rua onde moro. Meus olhos te seguiram até onde deu. Minhas pernas tremeram e eu tive de lutar para que estas não me fizessem correr atrás de você. No meu peito, o coração pulsou mais forte e eu tive que ir na rua para ver se o teu cheiro ainda estava lá, e tava.
Foi difícil te ver passar e nem olhar para a minha janela. O tempo foi passando e tudo mudou tão repentinamente, eu acho que já nem sei quem você é, na verdade, quem você acabou se tornando, pois me recuso a acreditar que tua essência mudou, ou que você deixaria ela se perder assim tão facilmente. Porque sabe, no fundo sinto falta do seu jeito, aquele que você mostrava só para mim, que era só meu. Eu vi quando você voltou também, e meu doeu tanto te ver naquele estado. Saber que você está se matando aos poucos com drogas, festas e essas companhias que arrumastes. Eu vi que você estava sorrindo/rindo, e que mãos te acompanhavam pelo caminho, e quando o teu olhar cruzou o meu eu vi dor dentro deles. Sei que tenho minha parcela de culpa, porém meu orgulho não me deixa pedir perdão e o seu não te deixaria me perdoar. Ontem quando eu te vi passar e de ida e depois voltando, eu senti falta de você deitada no meu colo enquanto eu mexia nos teus cachos com cheiro de laranja. Senti falta da tua pele macia, do teu toque tão doce e da voz mansa. Quando eu te vi, quis te pegar no colo, te trancar no meu quarto, fazer um carcere privado e nunca mais te deixar fugir de mim, do meu amor. Mas, você passou... só eu fiquei.
CAMILA LEAL, COLUNISTA
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