Ela nunca vai voltar
Ele a colocou nos braços quando viu que o o vento gelado judiava dela e seus pelos se eriçavam. Puxou-na para o peito e abraçou, assoprando em suas mãos um vento quente e doce. Ela sorriu tentando não demonstrar quão satisfeita estava e por mais que fosse tão prazeroso aquele momento dos dois, não seria nada anormal se o amor pairasse tanto no ar, fazendo-os se amar na cama.
Os lábios deles se encontraram quase sem querer, mas querendo. Um esbarrão, um arranhão, um beijão. O fôlego se dissipou totalmente e eles riram de forma estridente e feliz. Os dedos dele percorreram as linhas imaginárias da coxa dela, até pousar no umbigo. Ambos os olhos queimavam em uma paixão descomunal e desesperada. Da mesma forma que os lábios se encontraram, sem querer, as roupas estavam no chão. Totalmente sem querer. Ele a olhou e sorriu, deslumbrando uma linda mulher.
A vergonha inundou-a de uma maneira diferente. Não era de estar nua na frente do homem que amava, não era nada relacionado ao corpo... era por si. Mas era bom. Então deitou de bruços e sentiu os dedos dele novamente percorrendo linhas em suas costas, como se disputasse uma corrida em estradas invisíveis. Foi ai que estremeceu. Seus olhos arderam e seus dentes morderam os lábios inferiores num espasmo de prazer quando a boca do homem tocou as costas delicadamente. Sentia os beijos molhados e se arrepiava por inteira.
Nunca que ele poderia imaginar que aquela garota pela qual havia se apaixonado, um dia seria sua. Mas foi... por um único dia. Pois, mesmo que o amor fosse recíproco de ambos os lados, a dúvida destruiria tudo que ela havia construído ao lado dele. Mesmo que não quisesse, tentasse evitar, ambos tomariam caminhos diferentes e, se fosse, seria. Lá na frente.
Ele para ela é vida, é amor puro e prazer. Sinceridade e safadeza. Respeito e honestidade, mas nunca namorado, marido, amante. Não nunca... mas não agora. Certo?
Ela para ele? É maravilhosa. Ele a olhava como se tudo dependesse dela. Como se o ar dependesse dela. Mas ele sabia que não dependia, só a queria ali. Porque por mais que parecesse loucura, ele poderia fingir para o mundo todo e até para ela, que não havia sentimento. Mas estava claro que, por mais que tentasse, seus olhos não sabiam se calar ao calor do corpo dela. Foi então que ele lembrou de soltar o ar que segurava quando ele a viu. E o fôlego voltou. Mas ela? Ah, ela nunca vai voltar
0 comentários