Não entendi o que é ser adulta.
É estranho, não estive
preparada para adotar o discurso de adulta, os anos passaram mas minha mente
teima em permanecer jovem, por um lado isso parece incrível, mas só por um
lado. Percebi isso em uma festa, e já vou lhe explicar as razões.
Olha, eu não compreendo mesmo o que é ser adulta. Em uma instância sei
que é assumir para si inúmeras responsabilidades, mas digo que em outra é
participar de diálogos chatos, em que o único assunto que parece ser interessante
para as pessoas falarem é: sexo. Algumas vezes parece conter uma conotação de
oitava série, afinal provoca risos.
É, ser adulta é ver na festa as primas que você brincou na infância, e
as ouvir falar sobre casamento, vestidos de noiva, e conselhos para o casamento
durar, como por exemplo: não deixar o buraco esfriar. E eu entendi que era para
ser engraçado, mas o mais engraçado da noite em que vi minhas primas, foi
perceber que a conversa mais interessante que tive não foi com as adultas da
minha idade, mas com jovens de 15 e 16 anos.
Não por um mente ainda jovem, mas porque elas estavam interessadas em
falar sobre seus anseios, sonhos, os objetivos que já concretizaram e os que
ainda pretendem concretizar. A paixão do primeiro namoro, a empolgação para a
faculdade, o gosto pelos estudos, e o ódio pela matemática.
Bem, nós conversamos a noite inteira, e foi agradável estar perto delas,
foi agradável não ouvir como é difícil criar os filhos, como é difícil manter
casamento hoje em dia, como a mulher conhecida está cheia de plásticas, dentre
outros assuntos. Sei que achar agradável não ouvir, parece errado, mas eu
entendi que se ser adulta significa parar de sonhar, de lutar pelos seus
objetivos, adotar uma vida de comodidade, e ter como a única felicidade, a
felicidade dos filhos, eu não quero ser adulta, e digo isto de forma fervorosa,
como quando criança dizia: eu não sou criança.
Larissa Araújo
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